Você sabia que muitas pessoas que moram no exterior, desconsideram que seus problemas existenciais ou emocionais podem ter relação com o fato de estarem inseridas num ambiente cultural diferente?
Talvez, após longo período expatriado, já estejam bem adaptadas, dominam o idioma, tenham estabilidade financeira ou simplesmente uma vida um pouco mais confortável, se comparada a realidade do seu país de origem. Isto é fato e é ótimo, não é sobre isso que vou discorrer neste artigo.
Aqui me dedico às pessoas que, apesar de morar há anos noutro país, de serem naturalizadas ou, de acordo com os livros de psicologia intercultural, já terem passado pelo complexo processo de adaptação, ainda sentem-se infelizes e justificam sua eterna insatisfação com sua condição de imigrante.
No meu consultório já ouvi as seguintes justificativas: sentem muitas saudades, sensação de não pertencimento, dificuldades em fazer amigos, não se adaptam ao mercado de trabalho, penam em relacionamentos amorosos, sentem infelizes sem motivo aparente, frustrados, desanimados e confusos.
Sim, há várias pessoas nesta situação ao redor do mundo! Brasileiras e brasileiros que realizaram o sonho de morar fora, mas que após tantos anos, ainda não conseguiram encontrar o que procuravam.
O desafio em tratar essas pessoas é que, em psicoterapia, elas tendem a ignorar ou desprezar o fato de que foram formadas em outro ambiente cultural e por isso tem expectativa e visões diferentes. Elas preferem apontar causas de seus problemas e sofrimentos, desconsiderando o contexto sócio-cultural que produziu a pessoa que ela é hoje. Isso é um erro!
Claro que o ser humano é multidimensionado e que diferentes fatores contribuem para o desenvolvimento de um problema, mas desconsiderar a própria cultura e ambiente que a construiu é impedir que possa encontrar verdadeiras soluções.
Aí vão alguns temas que já trabalhei em terapia on line e que representam diferentes perspectivas através do aspecto cultural: fazer amigos, envelhecimento, reconhecimento no mercado de trabalho, estilo de comunicação, expressão de afetos, administração do tempo, etc
O envelhecimento, por exemplo, em algumas culturas europeias é algo comum e natural, cujas preocupações focam na solidão e na perda da autonomia em função das doenças. Mas para nós brasileiros, para além do que eles apontam, a dor do envelhecer está intimamente associada a perda de autoestima, de não ser não mais belo e desejável como pessoa.
A percepção e consideração desses detalhes culturais são facilitadas se você tiver o acompanhamento de uma psicóloga nativa do seu país de origem. “Falar a mesma língua” e entender os fatores mais sutis que te formaram durante a sua história são vantagens que te ajudam a encontrar a origem da sua ansiedade e desenvolvimento de soluções, benefícios que promovem um tratamento mais efetivo.
Ser acolhida por uma psicóloga que compreende como a paciente se sente em relação às mudanças do corpo e da mente em função da velhice, sem que ela tenha vergonha de falar sobre isso. Que possa falar sobre como é cansativo recomeçar, e ser totalmente compreendida nesse aspecto (se a profissional também morar no exterior). Estar com uma profissional que te entende como é difícil fazer amigos num novo país. Ou sobre as frustrações em aprofundar relações em culturas que prezam pela individualidade, são benefícios que você imigrante tem na terapia on line com um profissional de psicologia brasileiro.
Discuto estas questões com mais profundidade neste artigo. (Colocar o link pro texto 4)
Se você vive no exterior e está passando por uma situação difícil, sente-se perdida e desamparada experimente ser acompanhada por uma psicóloga que conheça sua origem cultural e que também vive fora do Brasil.
Você perceberá as diferenças na forma de perguntar, de te acolher e te guiar na compreensão da sua situação, e principalmente, na construção da solução (ou aceitação).
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